Dizem que o amor move montanhas, quebra barreiras, subtrai dores, adiciona companheirismo, aproxima almas, sobrevive ao vento forte, à chuva de pedras, ao sol de rachar e tudo mais.
Será mesmo?
Passamos dia após dia amando. Não há nessa vida quem não ame. É, estou falando sério. Veja você, alguma coisa em sua vida lhe desperta amor, seja o que for, você ama alguém ou alguma coisa.
Quando não amamos uma pessoa, ou até amamos, mas sentimos necessidade de amar mais sem poder, achamos uma fuga. Já parou para pensar por que o ser humano tem uma relação gigantesca de afeto com um animal de estimação racional ou não, e que o fato dele não responder em sua língua não modifica a intensidade do sentimento?
Essa é a prova viva de que amar não é ter que compreender e que a saudade nem sempre fortifica.
Por que o amor nos faz sofrer?
Por que a vida nos parece tão injusta às vezes?
Por que não podemos voar e atravessar todos os limites?
Por que somos facilmente convencidos de que algo acabou?
Por que não lutamos enquanto podemos, ao invés de esperar as coisas ficarem mais difíceis para cairmos em si?
Será que somos tão fracos a ponto de desperdiçar uma vida inteira por medo ou por orgulho? Você, é, você mesmo, quantas vezes já tomou a decisão errada e não mudou sua escolha enquanto podia por insegurança ou por soberba?
Vamos ao que interessa.
Somos todos fracos, somos todos meros elementos que compadecem de tudo, mas não fazemos nada para salvar ninguém, nem mesmo a nós.
Isso não é um julgamento, é apenas uma observação.
Não estamos mortos, estamos apenas apagados. Mas quando o sol iluminar o dia, quando as estrelas brilharem com imensa intensidade, quando a lua nos mostrar que o escuro pode ser claro, aí sim vamos ver que estamos bem. Fecharemos os olhos e quando nós os abrir vamos passar a ver cada coisa que acontece em nossas vidas, desde o sol até a lua. Desde o mar até o deserto. Desde a raiva até o amor.
Acredito que as crianças não deveriam ser chamadas de Crianças, devia ser Esperança. Os adolescentes não deveriam ser chamados de Adolescentes, devia ser Desafio. Os adultos não deveriam ser chamados de Adultos, devia ser Conquista. E por fim os idosos não deveriam ser chamados de Idosos, devia ser Vitória.
Àqueles que conseguem chegar no que chamo de Vitória, um dia foram Esperança, Desafio e Conquista. Necessariamente não precisa se ter idade pra concluir essa fase, há tantos que se vão antes e foram tudo isso, mas há também quem se vai tarde e nem mudou de etapa.
Tudo é questão de tempo. Não o cronológico, mas aquele que vive dentro de nós.
A vida é o nosso tempo, nossas horas são nossas escolhas, nossos minutos são o que fazemos daquilo que escolhemos e nossos segundos que passam tão depressa é como aproveitamos intensamente cada coisa.
Filosófico, eu sei. Chato? Talvez. Depende de como quer interpretar sua insatisfação dizendo que vive, mas na verdade seus segundos já não existem, seus minutos são incertos e as horas já são escolhas induzidas.
Vamos voltar ao início.
O amor, ah, o amor. A fonte de todos os suspiros, todas as promessas que jamais serão cumpridas, todas as falas já escritas e o final são sempre os mesmos. Não, não ache que sou contra a forma de amar.
Apenas a questiono, o amor devia curar e não machucar. Mas como dizia um poeta, todo grande amor só é bem grande se for triste.
Eu amo. Tu amas? Ele ama. Nós amamos. Vós amais? Eles amam.
Alguém conhece uma saída pra todas essas pessoas que sofrem do amor? Acho que nos hospitais eles não curam e nem tratam dessa dor.
Quando um dia nos disseram que o amor é cego, surdo e mudo – pura tolice – tratamos logo de acreditar. Afinal, quem sofre pelo que não vê, pelo que não ouve e pelo que não fala? Ninguém. Problema resolvido.
Uma mentira que parece curar dor, mas que na verdade nos fere por dentro. Não mostrar que sofremos alivia o sofrimento, mas não o faz deixar de existir. Pelo contrário, sofremos sozinhos e calados. A solução? Não há nenhuma solução, há apenas a vontade enfurecida e o desejo quente que nos faz pensar o que vale a pena nessa vida. A resposta encontra-se no coração. Eu sei que para mim vale a pena qualquer sofrimento, e vou sofrê-lo talvez da pior maneira, mas o que acalma é saber que é por amor. É o que nos faz rir depois das brigas, o que nos faz chorar depois da saudade, é o que nos faz dizer sim no altar. Sofrer, todo mundo sofre e sempre vai sofrer.
Porque o problema não é seu maior é problema, é como você o encara.
Por isso às vezes usamos nossas horas para escolhermos o caminho mais difícil, usamos nossos minutos para sentir cada pedra que nos machuca nesse longo trajeto, mas usamos os segundos apreciando as flores que estão na beira da estrada e nos fazem sorrir mesmo com os pés calejados.
Amar não é ter sempre certeza e a vida não é sempre um mar de rosas. Mas viver, sem dúvidas é a melhor, maior e mais gratificante dádiva que recebemos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário